O que já era terrível, pode piorar. O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, anunciou que vai excluir metade do acervo da Fundação. A alegação é que as obras são pautadas pela ‘sexualização de crianças’, ‘bandidolatria’ e ‘material de estudo das revoluções marxistas’. Além disso, ele afirmou que apenas 5% dos 9 mil títulos de seu acervo ‘cumprem a missão institucional’ do órgão.
A Fundação Cultural Palmares publicou um relatório conspiratório intitulado “Retrato do Acervo: A Doutrinação Marxista”. A gente contou um pouco sobre isso em matéria da semana passada. O que espanta é ainda tem gente que concorda. A Fundação chegou até a dizer que Machado de Assis estaria ensinando pessoas a escrever errado porque a edição da Fundação era anterior ao Acordo Ortográfico de 2009. Disse ele:
“Hoje, quem desejar ler na Palmares, por exemplo, ‘Papéis avulsos’, de Machado de Assis, encontrará uma edição de 1938, a qual prestará um desserviço ao estudante brasileiro, pois ele aprenderá a escrever ‘chronica’ em vez de crônica; ‘Hespanha’ em vez de Espanha; e ‘annos’ em vez de anos”.
Pois eis que a lista dos 300 livros foi divulgada e inclui clássicos de Marquês de Sade, escritor no século XVII, estudos sobre cultura popular do Câmara Cascudo e até um livro do Marco Antonio Villa sobre a Revolução Mexicana.
Veja a lista completa: