O lema da luta contra nazismo é, antes de mais nada, “lembrar para jamais repetir”. Acima de tudo, Isso significa que precisamos lembrar todos os dias do horrores do nazismo e do Holocausto judeu e de outras minorias para impedir que este pensamento retrógrado e genocida se repita em nossa história. Mas, em alguns lugares dos Estados Unidos, os grupo neonazistas têm se tornado cada vez mais articulados.
Esta semana, autoridades escolares de um condado do sul dos Estados Unidos proibiram a premiada e aclamada HQ “Maus”, que trata do tema do Holocausto, por considerá-la “imprópria”, assim como ofensiva em seu conteúdo. Trata-se de mais um episódio da atual guerra escolar em estados conservadores do país.

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A HQ já foi ganhadora de um prêmio Pulitzer em 1992, um dos maiores prêmios do mundo e o primeiro dado a um quadrinho, assim como foi traduzida para mais de 20 idiomas. No entanto, seu conteúdo foi considerado “vulgar e impróprio” para alunos do ensino médio, segundo a Junta Escolar do condado de McMinn no Tennessee.
“Este livro tem uma linguagem ofensiva e desagradável. O livro mostra gente sendo enforcada, gente matando crianças. Por que o sistema educacional promove essas coisas? Não somos contra ensinar sobre o Holocausto. Não nego que foi horrível, brutal e cruel”, afirmou o diretor do conselho da escola, Lee Parkison,

Sobre o livro
O livro, publicado em 1986 com o nome Maus (“rato”, em alemão), é a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art. O livro é considerado um clássico contemporâneo das histórias em quadrinhos. Foi publicado em duas partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991.
O quadrinho retrata os judeus como ratos e os nazistas ganham feições de gatos, mas poloneses não-judeus são porcos e americanos, cachorros. Esse recurso, aliado à ausência de cor dos quadrinhos, reflete o espírito do livro. Um relato incisivo e perturbador, mas que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto.
Spiegelman, porém, evita o sentimentalismo e interrompe algumas vezes a narrativa para dar espaço a dúvidas e inquietações. É implacável com o protagonista, seu próprio pai, retratado como valoroso e destemido, mas também como sovina, racista e mesquinho. De vários pontos de vista, uma obra sem equivalente no universo dos quadrinhos e um relato histórico de valor inestimável.
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