A visibilidade trans é um assunto que precisa ser trazido a tona através das mais diversas artes, seja nos livros, filmes ou séries. No Dia Internacional da Visibilidade Transgênero, dia 31 de março, é sempre importante falar sobre esse tema que nos atravessa. O dia é dedicado a celebrar pessoas transgênero e aumentar a consciencialização sobre a discriminação enfrentada por pessoas transgênero em todo o mundo, além de comemorar as suas contribuições para a sociedade.
O dia foi fundado pela ativista transgênero com sede nos EUA Rachel Crandall, de Michigan, em 2009 como uma reação à falta de reconhecimento das pessoas transgênero, por parte da comunidade LGBT, citando a frustração de que o único dia transgênero bem conhecido era o Dia Internacional da Memória Transgênero, que lembra os assassinatos de pessoas trans; porém os membros vivos da comunidade transgênero não são reconhecidos nem celebrados.
O NotaTerapia separou 10 livros sobre a visibilidade trans para você conhecer!
Viagem solitária – memórias de um transexual 30 anos depois
O livroconta a história de João W. Nery, o primeiro transexual masculino de que se teve notícia no Brasil. Especialmente dedicado a todas as pessoas que se reinventam para achar um lugar no mundo, narra a infância triste e confusa do menino tratado como menina, a adolescência transtornada, iniciada com a “menstruação” e o crescimento dos seios que fazia de tudo para esconder , o processo de autoafirmação e a paternidade.
São muitos os personagens dessa história: de Darcy Ribeiro, considerado seu mentor intelectual e um dos primeiros amigos a compreenderem-no, a Antônio Houaiss, que, sendo um grande defensor das liberdades democráticas, recomendou seu primeiro livro para publicação, Erro de pessoa: Joana ou João?, do qual foi prefaciador. História de dramas, incompreensões e lutas, Viagem solitária é um livro tecido de dor e de coragem e que anuncia, talvez, um mundo menos solitário para os “diferentes”, para aqueles que não se enquadram entre as maiorias…
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Vida trans: a Coragem de Existir
Neste livro, Amara Moira, João W. Nery, Márcia Rocha e T. Brant – todos pessoas trans – relatam, em depoimentos intensos, urgentes e necessários, o momento no qual percebem que havia algo diferente com seus corpos, sobre o sentimento de inadequação perante os padrões exigidos pela sociedade, sobre os preconceitos e as dores vividos dentro e fora da família, sobre o momento de transição e, enfim, da liberdade sentida por esta decisão. Em cada um dos relatos individuais, os autores contam suas histórias de vida, de luta e militância – constante e diariamente –, a fim de reafirmar o direito ao nome, ao corpo e à existência plena.
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Contos Transantropológicos
Contos Transantropológicos narra histórias de violência, dor e esperança.
Publicado pela Editora Taverna, o livro da escritora e filósofa Atena Beauvoir narra histórias de violência sofridas por personagens que não se reconhecem em seus corpos. Rompendo com os conceitos de gênero e binarismo, Atena nos brinda com um livro que questiona a construção das nossas próprias identidades. E vai além: um outro mundo é possível, mais humano, com respeito, liberdade e direitos iguais para todas as pessoas.
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A Queda Para o Alto
Aos vinte anos de idade Sandra mara herzer, ou Anderson Herzer, como ele passou a se autodenominar depois de assumir uma identidade masculina, encontrou na morte o fim de seus dramas. Ainda muito pequeno passou por acontecimentos dolorosos, decepções com entes queridos e maus-tratos. Seu pai foi assassinado quando ele tinha três anos, sua mãe morreu quando Sandra ainda não completara oito anos. Foi adotado por seus tios; mas, sempre incompreendido, desenvolveu grande sensibilidade e também rebeldia. Internado na Febem, neste mundo diferente, severo, morto, desumano, injusto – como diz no livro – conheceu mais um lado cruel da vida.
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A arte de ser normal
David Piper tem 14 anos e um desejo: “Quero ser uma menina”. Mas este é um segredo que ele compartilha apenas com Essie e Felix, seus únicos amigos, pelo menos até a chegada de Leo Danton à escola Parque Éden. Apesar de muito diferentes e cada um guardando um segredo próprio, David e Leo iniciam uma profunda amizade, que é a base do elogiado romance de estreia da atriz e escritora britânica Lisa Williamson. Com diálogos engraçados e relatando situações cotidianas na vida de adolescentes, a autora consegue abordar a delicada e muito atual questão da identidade de gênero de maneira leve e nada apelativa, numa narrativa que conquista o leitor da primeira à última linha.
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E se eu fosse puta
E se eu fosse puta é o quê? Você, leitor, que me diz. Tem de tudo um pouco, mas sobretudo verdade, dessas que a gente gosta só debaixo do tapete, bem escondidinha, o dia a dia da rua, a barganha, a cama, o homem depois de gozar. Amara se vê travesti e junto descobre a vida que haveria a partir de então, puta aonde quer que fosse, fosse pra cuspir, fosse pra perguntar discretamente o preço (“tudo no sigilo, sou casado, sabe?”). Corpo que não tem lugar, corpo que se fazia à revelia das regras, das normas, corpo que se prestava pra sombra, essa era eu e eu não fazia sentido, sequer sabia aonde eu queria chegar. Quem me entendia? Esse livro é sobre a escolha que não faz sentido, esse livro é sobre buscar porquês. E se eu fosse puta? E se eu fosse você?
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Um apartamento em Urano: Crônicas da travessia
Um dos pensadores mais indispensáveis da atualidade, Paul B. Preciado apresenta aqui uma seleção das suas “crônicas da travessia”. Produzidos na última década, a maioria em quartos de hotel ou aeroportos, os textos acompanham seu processo de transição de gênero e podem ser lidos como um diário dessa passagem.
Com sua escrita brilhante, o filósofo espanhol analisa processos contemporâneos centrais de mutação política, cultural e sexual, como as novas formas de violência masculina, o assédio a crianças trans, os Estados Unidos de Trump, a apropriação tecnológica do útero e o trabalho sexual.
Um livro corajoso, transgressivo e urgente que defende, acima de tudo, a liberdade dos corpos e das subjetividades.
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Veja também: Livro traz registros da repressão da ditadura militar contra LGBTI+ nos anos 1970 e 80
Eu, travesti: Memórias de Luísa Marilac
uísa Marilac nasceu em Minas Gerais e assumiu-se travesti aos 17 anos. Além dos tradicionais traumas associados à transição de gênero em uma família conservadora e de classe baixa, foi abusada sexualmente na infância, levou sete facadas aos 16 anos, foi vítima de tráfico sexual na Europa antes dos 20 anos, prostituiu-se, foi estuprada e presa mais de uma vez. Resiliente, reergueu-se, reinventou-se, viveu grandes amores e grandes decepções, acolheu travestis como filhas e amigas, perdeu tantas outras para as drogas, a aids, a brutal violência de gênero, a cafetinagem, e reconstruiu a vida mais de uma vez.
Com a premiada jornalista e autora Nana Queiroz, Eu, travesti constrói um relato a quatro mãos, visceral e poético, sobre a trajetória de Marilac, dedicado “a todas as travestis que nunca viveram para contar suas histórias”.
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Transfeminismo
Letícia Nascimento, em Transfeminismo, através de uma linguagem acessível e didática, traz ao público geral explicações necessárias sobre os conceitos de gênero, transgeneridade, mulheridade, feminilidade e feminismo. Mostra como cada vez mais é necessário que as pessoas estejam abertas às diversas existências que não necessariamente se encaixam no organização binária e cisgênera do mundo. Um primeiro passo nesse sentido é conhecer as experiências de quem faz parte desses grupos e esse livro, escrito por uma mulher travesti, negra e gorda, que está presente nos meios acadêmicos e é inspiração para outras mulheres transexuais e travestis, apresenta essas vivências, traz conceituações históricas e situa o transfeminismo dentro dos demais feminismos existentes.
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O nascimento de Joicy: Transexualidade, jornalismo e os limites entre repórter e personagem
Neste livro arrebatador, a jornalista Fabiana Moraes conta a história da transexual Joicy, ex-agricultora que procura o serviço público de saúde para adequar seu corpo masculino ao feminino que deseja para si. Também escreve sobre os bastidores da reportagem, vencedora do Prêmio Esso, e expõe a complicada relação com sua personagem, além de apresentar um ensaio no qual defende um jornalismo mais subjetivo.
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